Para enfrentar as competições, os atletas passam dias, semanas, meses e anos se preparando fisicamente, sempre em busca não só do melhor resultado, mas do resultado perfeito. Mas no decorrer do tempo e principalmente este ano, ficou evidente algo que sempre foi tão fundamental quanto ao preparo físico, mas sempre deixado em “segundo plano”, ou seja, o preparo emocional e mental, pois é algo também primordial para se alcançar o desempenho desejável, ou até mesmo para enfrentar uma frustração por não ter, naquele momento, conquistado o resultado esperado.
A evidência começou a se tornar preocupante no final de maio, durante a disputa do Torneio de tênis de Roland Garros, quando a tenista Naomi Osaka, deixou o torneio devido a problemas de depressão, naquele dia, a tenista disse: “Acho que agora a melhor coisa para o torneio, as outras tenistas e meu bem-estar é que eu me retire para que todos possam voltar a se concentrar no tênis acontecendo em Paris”. “A verdade é que sofri períodos longos de depressão desde o Aberto dos Estados Unidos de 2018, e tenho tido muita dificuldade de lidar com isso”, continuou a mesma.
Com a chegada das Olimpíadas de Tóquio, em Julho/21, a preocupação e o debate vieram à tona e esta discussão se intensificou após a ginasta norte americana Simone Biles, ainda na fase de classificação, decidir se retirar da competição, alegando a necessidade de se cuidar e preservar a sua saúde mental.
Esta decisão, somada a decisão da tenista Naomi Osaka (Roland Garros), causou no mundo um espanto e admiração, pois pressão, ansiedade, stress e depressão não são situações que acontecem só no esporte, mas também faz parte do dia a dia de todas as pessoas, afinal, vivemos em uma sociedade que cobra tudo para ontem, com metas irreais e até inatingíveis, e isso reflete bem negativamente em nosso corpo e mente, e mesmo assim, todos seguem em frente sem medir as consequências, que só são lembradas nos momentos de crise ou quando algo muito grave ocorre.
A saúde mental é fundamental na vida de qualquer cidadão, seja ele esportista ou não; esta pressão sofrida pelos atletas é a mesma que qualquer trabalhador sofre, ou às vezes até maior, e independe da sua função. Em uma de suas palestras chamada de “A Roda da Excelência”, Bernardinho, ex-técnico da Seleção Brasileira de vôlei, lembra muito bem disso, quando diz, que a diferença que existe entre eles na vida esportiva e nós, no trabalho do dia a dia, é o nível de visibilidade, pois quando ele morde a bola lá, todos vêem, mas quando alguém morde algo no seu dia a dia, poucos vêem.
Quando não alcançamos o resultado esperado, isso causa um sentimento de frustração, com isso, aumentam as cobranças, tanto de nós mesmos, como as externas, e para isso, é necessário uma preparação emocional, não só para os atletas, mas para todo ser humano, seja ele quem for. E neste momento, fica clara a importância de darmos total atenção à saúde mental, termo este, que está relacionado à maneira como uma pessoa percebe, reage e enfrenta às exigências da vida, como ela administra suas emoções, capacidade, expectativas e desejos.
Lembramos ainda, que a pandemia, pela qual passa o mundo, intensificou ainda mais os problemas relacionados a saúde mental, pois em uma pesquisa realizada pela Talenses e FDC, divulgada no Instagram da Revista VocêRH, para 74% das pessoas, a pandemia prejudicou o bem estar psicológico.
Desta forma, devemos adotar com urgência alguns comportamentos que visam garantir mais equilíbrio psicológico em nossas vidas, como se planejar diariamente, com horário de trabalho, pausas para as refeições e intervalos, além de ter uma relação saudável e equilibrada entre vida pessoa e profissional. Outro aspecto importante é reservar horário para o autocuidado, ou seja, lazer, onde deve se dedicar ao exercício, leitura, estar com a família, enfim, aquilo que te dá prazer e alegria. Alimentação e hábitos saudáveis também são fundamentais, e sono equilibrado. Contato com outras pessoas também é de fundamental importância; se não pode estar fisicamente, esteja através de telefonemas, vídeos chamadas. Não esqueça também da autopercepção, sentiu que não está bem, procure amigos, pessoas mais próximas, se abra, peça ajuda especializada também; isso é fundamental para mantermos um equilíbrio e saúde mental alinhada e saudável.
Para finalizar este resumo, nunca esqueça que desistir de uma competição, de um trabalho, de uma conquista, não significa medo ou derrota e nem incapacidade, isso significa reconhecer seus próprios limites, e isso é uma lição importantíssima, que dá ao ser humano, a vitória do respeito por si próprio.
Sendo assim, se cuide sempre, procure ajuda, converse, fale das suas dores, dos seus problemas, dos seus sentimentos, preocupações, expectativas, medos, nunca se esconda, procure a pessoa ou as pessoas certas, pois a saúde mental precisa estar no primeiro lugar no pódio da vida. Nunca se esqueça, você é grande, desta forma, se trate assim, pois os grandes também precisam de ajuda, ninguém chega a ser grande sozinho, ninguém vive e alcança os objetivos sozinho.
As empresas, através do departamento de Recursos Humanos, bem como as lideranças, também tem um papel fundamental na saúde mental de seus colaboradores e liderados. O momento é de união, ajuda mútua, ambiente apropriado, empatia, colaboração, envolvimento, amor e compaixão. Concorda? Vamos juntos vencer este grande desafio?
Um Grande Abraço a Todos!
Vamos em Frente!
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