Entrevista com Reinaldo Passadori – 1a. parte Comunicação e Liderança
É com grande prazer que trazemos hoje e amanhã para os nossos leitores, uma entrevista com um dos mais renomados líderes e palestrantes do nosso país, Reinaldo Passadori. Segue abaixo um pequeno resumo de Reinaldo Passadori:
– Reinaldo Passadori é um líder nacionalmente reconhecido no campo da comunicação verbal.
– Presidente e Fundador do Instituto Passadori de Comunicação Verbal, já treinou mais de 60.000 profissionais.
– Possui especialização em Recursos Humanos, Comunicação e Neurolinguística além de ser graduado em administração de empresas.
– É um dos conferencistas mais requisitados para eventos, palestras, congressos, entidades, empresas e governo.
– Mais de 28 anos de experiência no ramo, tornou-se autor de alguns livros: Comunicação Essencial – Estratégias Eficazes para Encantar seus Ouvintes, As 7 Dimensões da Comunicação Verbal e Media Training – Como construir uma comunicação eficaz com a Imprensa e a Sociedade, todos publicados pela Editora Gente. E mais recentemente o livro: Quem não comunica não lidera da Editora Atlas.
Blog Gestão3.0: No mundo corporativo de hoje, com a concorrência acirrada e um nível de exigência elevado, a comunicação é essencial para atingir vários objetivos, inclusive o planejamento estratégico. As pessoas são parte fundamental neste processo. Qual a importância da comunicação?
Reinaldo: A importância da comunicação ela é sinalizada no que a pessoa mostra, no que ela sabe, no que ela pensa, no que ela sente, a partir justamente da comunicação. O que nós temos observado, é que as pessoas tem uma boa formação de maneira geral, saem de uma escola, de um curso de pós-graduação, só que na hora de fazer valer este potencial não conseguem porque tem limitações relacionadas a comunicação. Então é muito comum nós termos pessoas que querem mais, desejam mais, gostariam de fazer mais, mas estão limitadas por bloqueios emocionais, por não saberem usar a voz, não saberem organizar as ideias, por possuírem limitações relacionadas à gramática e vocabulário, que impedem que ela de fato faça valer aquilo que sabe e pensa. Então esse é um grande diferencial para o profissional, quando ele desenvolve sua capacidade de se comunicar que significa também persuadir, influenciar, vender, negociar com mais propriedade, porque a pessoa quando desenvolve essas habilidades adquire técnicas, adquire auto confiança para poder falar com propriedade em toda e qualquer situação, para uma pessoa, um bate papo formal ou informal, para um grupo médio ou pequeno de pessoas, uma reunião, uma situação de negociação ou até para grandes plateias em palestras, aulas, simpósios, congressos nacionais e até internacionais.
Blog Gestão 3.0: Quais são as dimensões da comunicação verbal?
Reinaldo: São sete dimensões, até fiz um trabalho que foi fruto também de toda a experiência que tivemos durante estes anos, este ano completamos 29 anos de existência do Instituto Passadori e nestes 29 anos, como foi dito, treinamos mais de 60.000 pessoas e foi muito importante para chegarmos nestas sete dimensões da comunicação verbal que são: 1- Comunicação intrapessoal: – que é aquela comunicação que a pessoas fazem consigo mesmo, tem a ver com auto estima, auto conhecimento, auto percepção, tem a ver com a pessoa reconhecer e valorizar as suas habilidades já desenvolvidas, e todo mundo tem qualidades, a questão é, se a pessoa as conhece, e se não valoriza as qualidades que tem, quem é que vai valorizar, e mais, como ela pode utilizar de forma consciente e aprimorar ainda mais estas competências, se muito embora ela possua, não as conhece? Por isso, a comunicação intrapessoal é aquela que vai fazer com que a pessoa ao conhecer e desenvolver tenha reforço psicológico, tenha autoconfiança, segurança para falar em qualquer que seja a situação; 2- Comunicação interpessoal: que tem a ver justamente com o outro, e aí naturalmente a pessoa que deseja se comunicar precisa trabalhar a flexibilidade, para poder aceitar as pessoas com elas são, para poder entender como as pessoas são, para à partir desta avaliação e até um conhecimento de outras pessoas, criar condições favoráveis para que haja a possibilidade do entendimento. A medida que a pessoa tem um conhecimento do tipo de pessoas, que dentro da Neurolinguística por exemplo, se é mais auditiva, visual ou sinestésica, ou ainda em outro estudo, como o de análise transacional por exemplo, se a pessoa atua mais predominantemente em estados de adulto, pai ou criança, criança adaptada rebelde e etc.. Sinalizando que cada pessoa tem um jeito diferente de ser, tem o temperamento e a comunicação interpessoal, ela tem a ver com o desenvolvimento do processo da empatia, que nada mais é que uma pessoa se colocar no lugar da outra pessoa, entender o temperamento, o nível psicológico, cultura, tradição e etc, até para entender porque a pessoa age, pensa ou fala daquela forma, e a medida que a pessoa conhece melhor a outra pessoa, ela pode se calibrar e gerar ali um entendimento: 3- Dimensão vocal: que é o uso da voz, quantas pessoas falam de forma linear, não dão vida a fala, as pessoas dormem, tem dicção ruim, a pessoa não aprendeu a usar a própria voz, e a nossa voz expressa as nossas emoções, ela da vida a fala, volume, velocidade, tonalidade, pausas, por isso conhecer e usar adequadamente a voz e a boa dicção e com adequação referente ao contexto também fortalece o processo de comunicação: 4- Comunicação Corporal: esta envolve gestos, braços, mãos, dedos, semblante, postura, elegância, olhar expressão facial, expressão corporal, o jeito de caminhar, cumprimentar uma outra pessoa, ou seja, todos os aspectos relacionados ao corpo, a impressão que a pessoa causa, se é uma pessoa bem humorada, se é uma pessoas sisuda, se é uma pessoa de bem com a vida, se ela caminha se sentindo culpada, como aquelas pessoas que andam cabisbaixas, carregando um peso nas costas, outras tem uma postura arrogante, uma certa prepotência. Então a comunicação corporal neste sentindo é fundamental, pois a medida que ela conhece e ela domina, ela pode trabalhar para gerar um impacto positivo, eliminando os aspectos neutralizadores ou negativos que impedem um bom fluir no processo de comunicação com as outras pessoas: 5- Dimensão técnica: que com seu efetivo e hoje em dia na vida, vivemos em um mundo de uma parafernália eletrônica, considerando ainda vídeo conferências, áudio conferências, sistemas de multimídia, microfones, etc., então é importante que a pessoa domine e esteja na vanguarda com sistema de PowerPoint ou outros sistemas de projeção multimídia ou de recursos audiovisuais, ou até quem vai assessorar, para que a pessoa tenha a devida e necessária orientação para apoiar de forma adequada quem está fazendo a palestra, de acordo com o contexto da parte técnica, que envolve também o ambiente, desde a disposição da sala, cadeiras, ar condicionado , barulhos, ruídos, enfim, toda esta infra estrutura relacionadas aos aspectos físicos da apresentação: 6- Dimensão intelectual: que aborda como planejar e como desenvolver uma apresentação, isso envolve uma caminhada rápida por exemplo, no planejamento, qual o tema da apresentação, qual é o propósito da apresentação, se é informativa, persuasiva ou motivacional, envolve o conhecimento prévio do público alvo, quantas pessoas, quem são, nível de conhecimento das pessoas, se são pessoas favoráveis ou não a aquele assunto, à própria pessoa que está falando, o tempo da apresentação, se é meia hora, uma hora, dez minutos, não importa, tudo isso faz parte do planejamento. Na sequencia, ainda na parte intelectual, tem a ver com a preparação de uma apresentação, define-se o objetivo da apresentação, as várias maneiras de se guiar para desenvolver o conteúdo, definir o finalmente, como começar, desenvolver e terminar, inserindo ali algumas ilustrações, alguns exemplos para “rechear” e dar vida a fala, e na sequencia entra o preparo dos recursos áudio visuais, finalizando com o ensaio geral, para verificar todas as etapas. Não tem como então, uma pessoa não se sair bem em uma palestra ou ainda em uma apresentação de um projeto para a diretoria, por exemplo: 7- Dimensão espiritual: que trata sobre valores, ética, trata sobre a consciência que a pessoa tem sobre o seu papel no mundo, a sua percepção sobre a sua própria missão e até sobre seu propósito de vida. Quanto mais consciente a pessoa for sobre a sua responsabilidade frente ao meio ambiente, frente às pessoas, mais ela define claramente os valores fundamentais pelos quais ela pauta sua vida e que usa como filtro cada vez que for tomar uma decisão, é o rastro que a pessoa deixa por onde passa, que pode ser negativo ou positivo de acordo com os valores, com a conduta, com a ética e com seu caráter. Esta dimensão aborda isso, que cada um possa refletir e tomar consciência do que está fazendo e o que possa fazer continuamente para melhorar, não são para causar boa impressão, para trabalhar sua imagem, mas para justamente ter a ciência que o seu papel no mundo é para edificar, construir, deixar o mundo melhor do que ele o encontrou.
Blog Gestão 3.0: Como aplicar nas empresas estas dimensões? Através de treinamentos, cursos ou coach?
Reinaldo: Nós temos desenvolvido já, perto de 500 empresas das quais prestamos serviços, então são muitas organizações, entre elas, a Avon, Bradesco, General Motors, Petrobras, Ford, Hotéis Transamérica, Semp Toshiba, Honda, Nestle, Infraero, Johnsons, Serasa, Oracle. Estas são empresas que tem nos contratado para desenvolver este trabalho com seus executivos e com seus quadros de colaboradores. Então sãos as empresas que nos contratam para através dos treinamentos fazermos este trabalho. Também fazemos com turmas abertas.
Blog Gestão 3.0: Qual a importância do líder comunicador?
Reinaldo: Bom, hoje não podemos pressupor um líder que não seja comunicador, aliás, tem um livro que tive o prazer de escrever recentemente, onde ele fala justamente sobre isso, a importância do líder continuamente desenvolver sua habilidade de comunicação, então é claro, que um comunicador não necessariamente seja um líder, mas não dá para conceber um líder que não seja um bom comunicador. Tanto é que o nome do livro é Quem não comunica não lidera, em outras palavras, este livro tem dois títulos, se você tapar as palavrinhas não, vai ficar Quem comunica lidera, ou seja, é uma forma até interessante de perceber, que um líder nada mais é que uma pessoa que vai exercer uma influência sobre outras pessoas na medida que ele percebe estas pessoas, ela fala com propriedade, com assertividade, fala o que precisa ser dito, orientando, ajudando, instruindo, coordenando, corrigindo, para que os colaboradores ou subordinados possam fazer o trabalho do jeito que se espera que façam, no padrão de qualidade esperado, no tempo previsto, e consequentemente as coisas fluem a partir daí. Um bom líder, mais do que falar, é o que ele mostra através dos seus exemplos, é o líder inspirador, é importante falar sim é importante comunicar sim, mais é importante ser congruente, ou seja, agir em conformidade com aquilo que faz, pois de nada adianta a pessoa dizer uma coisa e fazer outra totalmente diferente, daí a importância da pessoa falar e agir em conformidade com aquilo que fala, aí sim, ele passa a ter força e seu poder de impacto de persuasão são percebidos.
Blog Gestão 3.0: Na opinião do Sr., o líder brasileiro já tem hoje a noção clara da importância da comunicação e do feedback para atingir os resultados e realizar a estratégia?
Reinaldo: Muitas empresas tem consciência, tanto que reserva até uma verba anual para o desenvolvimento dos seus colaboradores, existem também em algumas empresas as chamadas universidades corporativas, que nada mais são que gerar internamente sistemas de educação, de formação complementar, levando em conta que nem sempre o sistema tradicional de educação, das academias, oferecem as organizações a devida e necessária formação, tanto que as empresas fluem de uma forma muito mais rápida do que o sistema educacional, que as estruturas do MEC, do que as estruturas de ensinos tradicionais, por isso, nesta movimentação e nesta velocidade de mudanças as empresas tem necessidade e nem sempre são atendidas pela formação educacional normal, daí a necessidade deste tipo de preparo, da formação. Levando em consideração que muitas empresas investem, obviamente muitas pessoas tem este tipo de formação e informação, mesmo porque nos casos de feedback existem já trabalhos de feedback relacionados a avaliação de desempenho e muitas empresas tem isso. Mas mesmo assim, entendo que existe uma carência muito grande quando se fala no líder brasileiro. Levando em consideração a comunicação por exemplo, como eu disse, o líder precisa desenvolver sua habilidade de comunicação e pelo trabalho que temos desenvolvido percebemos que muitas pessoas, eu diria a maioria das pessoas não sabem se comunicar, comunicar, claro, todos nós sabemos nos comunicar, mas quando eu falo se comunicar, eu me refiro ao âmbito profissional, porque as nossas escolas não prepararam as pessoas para isso. No Brasil inteiro eu tenho feito cursos, tenho feito palestras e tenho perguntado isso já há vários anos: “quem de vocês teve a oportunidade de ter um curso, mesmo que básico, sobre comunicação verbal, fazendo parte do currículo da escola, da faculdade ou até mesmo de um curso de pós-graduação”, raras são as pessoas que levantam uma das mãos, não porque são tímidas, mas porque não tem efetivamente. Então a medida que as pessoas tem estas limitações é fácil pressupor, que muito embora as pessoas desenvolvam certas qualidades do líder, tendo que ter uma noção de planejamento, tem que ter uma postura adequada, uma habilidade para poder influenciar pessoas, obviamente ainda faltam muitas dessas habilidades, aí entra justamente o que eu acabei de falar sobre a comunicação, um líder só vai estar mais bem preparado, primeiro se ele tiver uma auto liderança, ou seja, dominar a si mesmo, controlar suas emoções, saber ter um auto controle, ter auto estima e saber da importância do seu papel como agente influenciador de outras pessoas, e também que ele tenha recursos que as escolas não dão, mas que ele vá atrás de certas competências que vão ser fundamentais para ele efetivamente exercer seu papel de líder, e mesmo porque o líder, inclusive dá para fazer uma analogia bem interessante e eu gosto desta analogia, que o líder é como aquela pedra grande que se deixa cair sobre uma lagoa, imagina uma lagoa grande caindo uma pedra no centro dela, ela vai provocar ondulações que vão se espalhar por todo o espaço da lagoa, conforme o tipo de líder, estas ondas que vão se espalhar, elas podem ser positivas ou negativas, se é uma onda boa, de entusiasmo, força e de vibrações positivas claro, vai influenciar a lagoa para que ela receba esta energia deste estilo positivo, do outro lado também, se é uma pessoa que é irritante, ou irritada, é uma pessoa nervosa, agressiva, ela vai provocar também essas ondulações por todo espaço da lagoa, obviamente não vai motivar as pessoas, vai criar um clima negativo, vai fazer com que as pessoas se desmotivem, e consequentemente a empresa padece disso, então, quando se fala de uma maneira generalizada em relação aos líderes, entendo que falta muito ainda, por isso, que as empresas estão fazendo este esforço grande para compensar um pouco esta deficiência que existe no sistema educacional tradicional.
Blog Gestão 3.0: Quais as vantagens do líder que possui boa comunicação?
Reinaldo: Poder. Poder se reflete de muitas maneiras diferentes em algumas palavras. Poder de influenciar, de persuadir, de ensinar, de liderar, de comandar, de seduzir, enfim, de exercer justamente o poder de influência sobre as outras pessoas. Simples assim.
Um grande abraço a todos, amanhã temos a segunda parte.
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