Atendimento e Saúde, Difíceis Soluções!

Saúde e atendimento

Se a cada dia fica mais difícil resolver os famosos problemas dos atendimentos em todas as esferas e segmentos, o problema da saúde não fica atrás.

Em matéria levada ao ar pelo programa Fantástico (01/06/14), ficou ainda mais evidente a gravidade do problema da saúde no Brasil, que está muito além do SUS, da saúde entregue a população através do governo.

O fim dos planos particulares individuais é um fato que infelizmente está muito próximo de acontecer e deixar a deriva milhares de brasileiros de todos os lados do país.

A matéria cita empresa que disse comercializar os planos individuais, mas ao ligar na Central de Atendimento a informação é clara de que a empresa não comercializa mais este tipo de plano. De quem seria o erro? O atendente que informou errado? A empresa que não passou a informação correta?

Imagine você chegar a uma consulta, que na maioria das vezes foi marcada com certa antecedência, e receber a informação que o seu plano está cancelado, como ocorreu com uma cliente citada na matéria. Veja o tamanho do constrangimento, da vergonha e do pânico de não só deixar de ser atendido, mas de saber que está totalmente descoberto, ou seja, sem plano, mesmo pagando em dia.

Imagine ainda, contratar um plano de saúde por R$ 210,00 e, quatro anos após, ver a mensalidade praticamente dobrar, chegando a R$ 400,00. Foi o que ocorreu com outra cliente citada na matéria.

Agora, o que é mais preocupante de tudo isso, e que tira a noite de sono de muitas pessoas, é saber que todas estas situações estão dentro da legalidade, pois o mercado de planos de saúde no Brasil contempla tudo isso.

Hoje cerca de 50 milhões de pessoas, que significa um quarto dos brasileiros, têm plano de saúde. Existem dois tipos de plano no mercado: o individual e o coletivo.

O plano individual é aquele plano em que você contrata com a operadora para você ou para sua família. Este plano tem regras rígidas, onde o reajuste máximo do valor da mensalidade é definido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), além disso, a operadora só pode cancelar o plano individual se você parar de pagar.

Já no plano coletivo, ele pode ser de dois tipos: empresarial, feito pelas empresas para os seus funcionários, e o coletivo por adesão, feito por grupos formados em sindicatos ou associações.

As clientes que foram citadas na matéria têm planos coletivos, e descobriram somente agora que eles têm regras menos rigorosas que a dos planos individuais. Primeiro, porque o reajuste do plano coletivo não tem limite, a operadora é quem decide todo ano, o quanto vai aumentar na mensalidade. Com uma das clientes, o aumento em 2012, foi de 24%, em 2013, de 11% e agora, mais de 30%, valores totalmente fora do orçamento da grande maioria da população brasileira. O pior de tudo é que mesmo pagando em dia, você pode ter o plano cancelado.

Outra cliente citada na matéria tem problema de diabete e pressão alta e necessita acompanhamento, tem todos os pagamentos feitos em dia e de repente fica sem plano.

Desta forma, entendendo como funcionam os planos, as pessoas procuram pelo plano individual, podem e devem procurar, mas achar é mais complicado.

Durante duas semanas, o programa Fantástico ligou para as dez maiores operadoras do país, e entre todas estas citadas, que atendem cerca de 40% dos usuários de planos de saúde, somente as do sistema Unimed, que atua em todo o país, e da Hapvida, que atua no Norte e no Nordeste, vendem planos individuais.

Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do consumidor (IDEC), os planos individuais estão diminuindo porque os coletivos são mais lucrativos para as operadoras.

Enfrentamos ainda outro problema, o entendimento deste mercado de planos coletivos é complicado de entender como um contrato desses é feito. Hoje as operadoras não fazem mais contrato direto com os clientes, elas têm administradoras terceirizadas, e os grupos de usuários que formam os planos coletivos são organizados por sindicatos ou associações de classe. Sendo assim, quando um cliente contrata um plano coletivo por adesão, ele entrou em um grupo das associações ou sindicatos, que contratou a administradora e que terá a operadora como uma prestadora de serviço. Teoricamente, o cliente só poderia entrar em um plano desses se fosse ligado a alguma entidade de classe, mas na prática, os corretores podem dar um jeitinho nisso, até sem o cliente saber. É individual, mas não é.

A exigência de estar ligado a uma entidade de classe não aparentou ser problema para alguns vendedores de planos de São Paulo. O programa gravou e apresentou a negociação com alguns vendedores e o resultado é muito preocupante.

Com este tipo de venda, os planos coletivos só crescem. Nos últimos 14 anos, passaram de 69% para mais de 80% do mercado. Já o percentual de planos individuais só cai: foi de 30% em 2001 para 19% atualmente.

A ANS, que regula o setor, admite que há menos planos individuais disponíveis ao consumidor. Segundo André Longo, a agência tem estudado o cenário e tem procurado buscar formas de incentivar uma maior oferta de planos individuais, porém é um problema complexo, mas afirma que a lei não permite que a agência limite os aumentos:

Finalizando a matéria do programa, a Fena Saúde, entidade que representa as operadoras de saúde citadas na reportagem, disse em, nota, que a comercialização dos planos é de livre escolha. Afirmou que a política de controle de reajustes dos planos individuais imposta pela ANS contraria a livre concorrência. Disse ainda que não há desabastecimento de planos individuais, que mais de 600 operadoras vendem o produto no país.

Mas não foi isso que ocorreu com outra cliente citada na matéria, que procurou mas não conseguiu contratar um plano individual.

Infelizmente o atendimento diz uma coisa, as empresas dizem outra, enfim, quem continua perdendo são os clientes, as pessoas que precisam de tratamento, que precisam salvar suas vidas, pois o tratamento e o respeito não só pelas pessoas, mas pela vida, está cada vez mais jogada ao segundo plano.

Infelizmente a matéria termina sem mostrar uma solução ou um caminho para todos nós brasileiros que passam e que talvez vão passar por isso um dia. Será que estas pessoas fariam o mesmo com seus pais? Com seus filhos? Você já passou ou passa por problemas assim? O maior culpado são os atendentes, as empresas ou o governo?

Precisamos de mais amor a vida em primeiro lugar, não ao dinheiro.

Um grande abraço a todos!

Author: carlospires

Profissional graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário da FEI e Pós Graduado em Gestão Estratégica de Pessoas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Experiência de 28 anos em atendimento ao cliente, sendo 21 anos em cargos de liderança, com forte atuação na Gestão dos Indicadores de Performance, Back-Office, Monitoria, SAC e Cobrança, atuando em empresas nacionais e multinacionais do segmento de call center e administração de cartão de crédito . Atuação junto aos segmentos varejistas em grandes lojistas. Responsável pela gestão de pessoas, processos e clientes, atuando em áreas operacionais e comerciais, com orientação para resultado. Conhecimento na gestão e implantação de Contact Center e Comercial Pós Venda, atuando no desenvolvimento de projetos, revisões de scripts operacionais, dimensionamento, implantações de novos clientes e produtos, liderando projetos de eficiência operacional, obtendo ótimos resultados em redução de despesas. Experiência em gestão e gerenciamento de crises nas redes sociais. Planejamento e preparação de treinamentos de atendimento, liderança, gestão e produtos. Ministrou e ministra diversos treinamentos referente aos temas acima citados. Participação na implantação e validação no processo da ISO 9000/9001. Palestrante no CRA-SP – A importância do atendimento ao cliente.

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