Até Quando Vamos Sofrer?
No último domingo (18/05/14), passou uma matéria no programa Fantástico sobre clientes de construtoras que compraram seus apartamentos e os mesmos foram entregues cheios de problemas, inclusive estruturais, oferecendo grande risco, enfim, são milhares de problemas que vão de infiltrações a teto caindo.
Dados do site Reclame Aqui mostraram que houve um aumento considerável neste tipo de reclamação, somente nos três primeiros meses deste ano, o número de casos foi de 4.631, contra 3.402 no mesmo período de 2013, ou seja, um aumento de 36%. O PROCON também confirma que houve um aumento neste tipo de reclamação e que somente 8% das reclamações abertas foram resolvidas.
Infelizmente como já escrevemos em posts anteriores, as reclamações de abusos contra os direitos do consumidor em todos os segmentos não param de crescer, e para piorar a situação, nós pobres consumidores não temos a quem recorrer, desta forma, muitas empresas que encabeçam as listas de reclamações, parecem competir para ver quem é a pior.
Uma entrevista publicada ontem (19/05/14) no jornal Metrô News com o Presidente do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (IDECON), Sr. Reginaldo Sena, que é um duro crítico do Código de Defesa do Consumidor, coloca bem o que é este descaso com o consumidor brasileiro.
Segundo Reginaldo Sena, o Código de Defesa do Consumidor é um texto feito em 1990 que já está ultrapassado e pode ser jogado fora. Ele também atacou os órgãos públicos responsáveis por garantir que as normas sejam cumpridas, como o PROCON. Segundo Reginaldo Sena, eles estão mais comprometidos com partidos políticos do que com o público.
Para Sena, o consumidor brasileiro está de mãos atadas e sem proteção. Desta forma, ele também condena as compras desenfreadas. “Não é uma visão catastrófica. É uma visão preventiva”, ponderou Sena.
Quando perguntado sobre quais são as piores irregularidades que os consumidores encontram, Sena foi categórico: “Em primeiro lugar, os órgãos públicos de defesa ao consumidor não estão capacitados para exercer a função destinada a eles. A maioria virou instrumento político para fazedores de média que se passam por defensores do povo. A Fundação Procon é um exemplo”.
Ainda questionado sobre o consumidor estar desamparado e o que ele pode fazer para se proteger. Sena respondeu: “O consumidor não pode ter uma vontade desenfreada de comprar porque nos empurram todos os tipos de serviços e produtos. Dizem que o celular tem um prazo máximo de seis meses, que o televisor e o par de sapatos não servem mais. O cliente precisa mudar o perfil de consumo para ser respeitado. Ele não pode contar com os órgãos e nem com o código. Então se vê obrigado ir para a justiça”.
Colocamos aqui, apenas um resumo da entrevista dada por Reginaldo Sena ao jornal Metrô News, e já deu para perceber onde estamos pisando e o que podemos esperar das relações de consumo. Enfim, o descaso e o desamparo estão aí, cabe a nós mudarmos isso. Na matéria exibida no programa Fantástico, foram dadas algumas dicas para as pessoas seguirem e não cair nas “armadilhas” dos apartamentos, mas não foi mostrado o caminho a seguir caso tenha problemas.
Uma vez coloquei em um de nossos posts que as emissoras de televisão podiam fazer programas direcionando as reclamações de clientes, ajudando e auxiliando nas soluções, pois o que falta as empresas é exatamente isso, SOLUÇÃO. Porém, fiquei sabendo que este tipo de programa não é muito bem visto pelas emissoras, pois isso poderia gerar problemas e constrangimentos com os patrocinadores das mesmas caso houvesse uma reclamação contra eles. Doce engano, pois este seria um bom momento para demonstrar transparência e o quanto estas empresas se preocupam em solucionar problemas dos seus clientes, com certeza ficariam com uma imagem positiva diante dos consumidores.
O consumidor até entende que problemas podem ocorrer, mas ele não aceita que estes problemas não tenham solução ou que demore para tê-las. Por isso, olho aberto e cuidado na hora de comprar qualquer coisa que seja, pois ainda não sabemos até quando vamos continuar sofrendo com todo este descaso, mesmo porque, aqui em nosso país, é muito difícil se cumprir as leis de forma rápida e totalitária.
Você mudou seu perfil de consumidor? Você reclama? Quando reclama, você reclama para quem? Sua empresa se preocupa com a solução? Você como empresa, procura evitar quem os consumidores tenham dor de cabeça? Qual sua sugestão de melhoria?
Um grande abraço a todos!
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