A importância da ginástica laboral
Conhecida como LER (Lesão por Esforços Repetitivos), esta lesão costuma se manifestar nos grupos musculares que são mais sobrecarregados pelos esforços repetitivos, e uma das primeiras formas de detectar a LER é a diminuição da sensibilidade tátil por parte dos trabalhadores. Já em 2009, segundo o INSS, cerca de 500 mil trabalhadores foram vítimas de acidentes laborais. No Brasil a LER, hoje também denominada DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) passou a ser considerada uma doença ocupacional a partir de 1987.
Com a enorme expansão dos call centers iniciada no final da década de 80, tendo seu ápice na década de 90, começaram também a aumentar os problemas de LER/DORT, obrigando as empresas a repensar seus métodos de trabalho, dar mais importância a qualidade de vida, ao tratamento destes colaboradores e acima de tudo, trabalhar na prevenção deste tão temido problema.
A partir deste momento assustador e complicado, começou a ser dada uma real importância à ginástica laboral por parte das empresas, pois o número de afastamentos aumentou numa proporcionalidade preocupante. A ginástica laboral que surgiu no Brasil em 1973, tendo no Banco do Brasil e Tecidos Bangu os pioneiros em investimentos no esporte e lazer para os seus colaboradores, é definida como o conjunto de alongamentos e exercícios físicos orientados durante o horário do expediente, objetivando benefícios individuais no trabalho. Seu objetivo consiste em minimizar os impactos negativos advindos da rotina trabalhista e do sedentarismo na vida e na saúde do trabalhador.
Mas só a ginástica laboral não resolve o problema sozinha, toda uma estrutura precisa ser montada, a ergonomia proveniente do grego ergon (trabalho) e nomos (normas, leis) que é definida no dicionário Aurélio como “o conjunto de estudos que visam à organização metódica do trabalho em função do fim proposto e das relações entre o homem e a máquina”, é fundamental nesta melhoria e prevenção.
Devido ainda a falta de cuidados por parte de várias empresas, que não fazem e nem apoiam a ginástica laboral, que não entregam aos colaboradores uma ergonomia de acordo com as necessidades e em conformidade com a NR 17 e não oferecem um ambiente de trabalho harmônico, leve, aberto, justo e participativo, está cada vez maior o número de queixas de dores entre as pessoas que desempenham trabalho repetitivo.
A ginástica laboral está em crescente desenvolvimento, pois traz diversos benefícios, e hoje já é vista como um benefício dado pela empresa aos colaboradores, pois demonstra preocupação dela empresa não só com o profissional, mas também com a pessoa que está ali prestando um serviço que podemos dizer de “risco”.
A Ginástica Laboral é feita através de uma pausa de no mínimo 10 minutos no expediente, com alongamentos e exercícios específicos para cada setor. A empresa contratante em conjunto com o profissional contratado estipulam uma frequência e o melhor horário para que ela seja aplicada. Os trabalhadores são separados em grupos dentro dos setores e cada grupo é guiado por um profissional especializado para prática dos exercícios.
Os benefícios são enormes para ambos os lados, para o colaborador estes benefícios são fisiológicos (prevenção da DORT/LER), psicológicos (melhora a concentração no trabalho e aumenta a autoestima) e sociais (estimula a integração social), já para o empregador tem como benefícios a redução da procura ambulatorial, redução de afastamentos, aumento da produção em quantidade e qualidade, a satisfação do colaborador, ajudando com isso alavancar o processo de motivação. Já para o profissional que executa o processo de ginástica laboral, os benefícios são o de poder ajudar na recuperação e prevenção da LER/DORT, de trazer a estas pessoas uma melhor qualidade de vida, a oportunidade de divulgar a importância do seu trabalho e a chance de estar trabalhando e desenvolvendo seu aprendizado.
As partes do corpo que mais sofrem com a LER/DORT são “coluna, braços, joelhos, pés, nuca, ombros, coxas, nádegas e cabeça, dados estes inspirados por Karin Schuls, catálogo de ergonomia Giroflex”.
A ginástica laboral é implantada em 4 etapas, de forma fácil e sem complicações. Na primeira etapa é feito um diagnóstico, ou seja, um mapeamento estrutural da empresa, visando descobrir os melhores locais para se fazer a ginástica laboral. A segunda etapa é o mapeamento humano, onde são verificadas a situação das pessoas, a real situação de desconforto físico. Na terceira etapa, já se está com todos os dados nas mãos, desta forma se inicia o processo de ginástica laboral. Na quarta etapa é feito um novo mapeamento humano com o objetivo de comparar e confirmar os ganhos obtidos com a ginástica laboral, analisar como era e como ficou, e sem dúvida os resultados são excelentes.
Já tive a feliz e nobre oportunidade de trabalhar na implantação da ginástica laboral em duas empresas, e posso assegurar que os resultados impressionam positivamente em todos os quesitos, pena que ainda alguns empresários, executivos, presidentes e diretores, acham que ginástica laboral é custo, quando na verdade, ginástica laboral é benefício, é saúde, é receita, é lucro.
Sua empresa adota a ginástica laboral? Você acha importante a ginástica laboral? Você pratica a ginástica laboral?
Um grande abraço a todos.
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