Gestão! O jeitinho brasileiro.
O Brasil é conhecido mundialmente por ser o país do “jeitinho”, ou seja, somos famosos por “dar um jeitinho para tudo”, só que este “jeitinho” já é conhecido como sinônimo de malandragem, que significa fazer as coisas de uma maneira não muito correta.
Infelizmente o potencial do brasileiro para a improvisação e para a criatividade, que são características centrais do jeitinho, são situações que podemos sentir ao mesmo tempo, orgulho e vergonha, pois se o jeitinho se refere a uma habilidade refinada para a resolução criativa de problemas, ele também refere-se à nossa capacidade engenhosa de agir corruptamente para obter benefícios pessoais de maneira criativa.
Outros países chamam de alternativas, as formas diferentes de solucionar problemas e encontrar respostas. O jeitinho é entendido como um tipo de ação, que visa obter benefício próprio através de ações ou atitudes fora das regras ou das normas.
Esta situação do “jeitinho brasileiro” chama tanto a atenção, que é muito estudada tanto na antropologia quanto na sociologia, e é enfatizada como um aspecto central da identidade cultural brasileira. O símbolo do malandro, ilustrado pelo personagem de desenho Zé Carioca, demonstra a essência deste modo flexível, porém muitas vezes prejudicial a terceiros.
Com a realização da Copa do Mundo no Brasil, perdemos uma grande chance de mostrar ao mundo que aqui não existe o chamado “jeitinho brasileiro”, como muitos pensam, mas que existem sim, excelentes pessoas e profissionais, que buscam através da sua criatividade, do seu jogo de cintura e da sua inteligência, buscar soluções alternativas para problemas que surgiram de forma inesperada.
Mas infelizmente mais uma vez demos e continuamos dando um “show” de desorganização, com atrasos nas obras, explicações desencontradas, desculpas esfarrapadas, culminando com uma entrevista do ex jogador Ronaldo (fenômeno), onde ele disse que estaria tudo pronto até o dia da abertura da copa, e que o “jeitinho brasileiro” seria apresentado aos gringos. Simplesmente lamentável um comentário assim vir de alguém que é uma referência, e que deveria estar lutando contra esta forma errada de se resolver as coisas.
Para alguns autores, a relação entre moralidade e jeitinho, é curiosa, pois a prática generalizada do jeitinho, cria condições para o estabelecimento de um clima de cinismo e delinquência para julgar moralmente as ações dos outros, além de modificar a maneira como atos morais são julgados pelas pessoas.
Desta forma, a prática do jeitinho nos encaminharia, ao longo do tempo, a julgar ações como por exemplo, estacionar em local proibido ou furar uma fila como menos erradas ou merecedoras de punição do que as ações de políticos corruptos, obtendo assim uma “justificativa” para ações individuais que seriam muito mais amenas.
Em resumo, o jeitinho brasileiro nos faz mal, causa uma impressão negativa e soa mal, por isso, precisamos agir e pensar como pessoas e países desenvolvidos, ou seja, parar de querer levar vantagem em tudo de uma forma ilícita, sem respeitar leis, regras, normas e pessoas.
Você acha certo o jeitinho brasileiro? Por que se faz uso do jeitinho brasileiro? O jeitinho brasileiro não seria resultado de uma falha ou problema anterior? Quais são as possíveis consequências do uso do jeitinho brasileiro? Temos conseguido separar as relações pessoais das relações que necessariamente exigem impessoalidade?
Um grande abraço a todos!
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