O adeus de Abílio Diniz! E agora?

Posted By carlospires on 11, set 2013 | 1 comment

Acompanhamos no início desta semana, a saída de Abílio Diniz do Grupo Pão de Açúcar. Uma saída que coloca fim a uma história de 65 anos, iniciada pelo pai de Abílio Diniz, o Sr. Valentim dos Santos Diniz (já falecido), em 07/09/48, quando inaugurou na Avenida Brigadeiro Luís Antônio a então Doceria Pão de Açúcar.

De lá para cá muitas coisas aconteceram, sendo que em 14/04/59, foi inaugurado o primeiro supermercado Pão de Açúcar em São Paulo, a partir daí o crescimento foi inevitável, outras lojas foram abertas, a marca começou a ficar conhecida e ganhava respeito perante aos consumidores e ao mercado, até que em 1995 a empresa abre capital na Bolsa de Valores e Abílio Diniz assume a presidência, seu pai, o Sr. Valentim torna-se presidente do Conselho de Administração.

Já em Dezembro do ano de 2002, Abílio Diniz deixa a direção do grupo e assume o Conselho de Administração, quando em Maio de 2005 ele vende o controle do Pão de Açúcar ao grupo francês Casino, onde se comprometeu a efetivá-la apenas em junho/2012. Em Janeiro de 2006 o empresário e o Casino formaram a holding Wilkes, que possuía 66% das ações com direito a voto do grupo Pão de Açúcar.

A partir de 2011, quando Abílio Diniz tentou uma fusão com o Carrefour no Brasil e o presidente do Casino disse que a manobra não teve o seu aval, começaram disputas internas fortes, marcada inclusive por disputas na justiça. Já em junho de 2012 Abílio Diniz cumpre o contrato e transfere o controle ao Casino, em agosto do mesmo ano ele vende suas ações ao Casino.

Em janeiro de 2013 Abílio Diniz compra ações da BRF (fusão entre Sadia e Perdigão), e em Abril de 2013 ele é eleito presidente do Conselho de Administração da BRF. Após estes feitos, finalmente em Setembro de 2013 Abílio Diniz decide deixar a presidência do Conselho do Pão de Açúcar.

Depois desta resumida história de sucesso, como fica agora o Pão de Açúcar? E Abílio Diniz?

Começando pela segunda parte, Abílio Diniz, para a nossa sorte e a sorte do mercado como um todo, continuará trabalhando e passando ao mercado e às pessoas muito aprendizado, pois Abílio Diniz é, e sempre será, não só um dos grandes empresários e empreendedores brasileiros, mas também um grande líder, que deixou a sua marca dentro do Pão de Açúcar e do mercado nacional e internacional, é respeitado por políticos, empresários, pelo mercado financeiro e jornalistas, além de ser um atleta e sempre colocou o grupo Pão de Açúcar no caminho do esporte.

A liderança de Abílio Diniz sempre foi aberta e muito participativa, estudei com pessoas que me davam vários testemunhos do quanto não só Abílio, mas principalmente seu pai, o Sr. Valentim, ou Sr. Santos como era conhecido, tratavam e valorizavam as pessoas, exemplos de liderança, que ainda bem que o mercado não perdeu.

Já quanto o Pão de Açúcar, ele caminhará com outras pernas, com outra liderança e uma forma diferente de gestão. O Pão de Açúcar, segundo Abílio Diniz “é um transatlântico que navega em águas tranquilas”, agora com certeza, vai ter seus momentos de águas turbulentas, pois toda mudança causa impactos, tanto negativos como positivos, para qual lado irá pender mais, só o tempo vai dizer.

Sem dúvida, o Pão de Açúcar tem um nome forte no mercado e um histórico de credibilidade, mas tem a sua imagem ligada a Abílio Diniz, e não será nada fácil reverter este cenário.

O Pão de Açúcar com seus novos comandantes terão que ganhar a credibilidade do consumidor, do mercado financeiro, realizar negociações com fornecedores poderosos, entre eles a BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão), que agora tem no comando Abílio Diniz, a concorrência com as pequenas redes, que hoje é um dos maiores desafios, além das mudanças de hábitos e costumes, que enfrentarão resistências, podendo ter demissões em cargos e áreas estratégicas, o desafio da nova composição do conselho de administração, além de possíveis problemas no atendimento ao cliente.

Resumindo, com este novo cenário e comando, o que não vai faltar dentro do Pão de Açúcar é trabalho, e um trabalho árduo e de ritmo intenso, pois o tempo é curto, e o mercado em certos momentos, não espera muito tempo, sendo assim, esta adaptação terá que ser rápida e consistente. Vamos acompanhar.

Um grande abraço a todos.