Entrevista com Luciana Vieira – 2a. parte – Recursos Humanos, o diferencial das empresas.
Fechamos hoje, com a segunda parte da entrevista com Luciana Vieira a entrevista do mês. Espero que tenham gostado. Leiam abaixo esta excelente entrevista com esclarecimentos importantes:
Blog Gestão 3.0: Temos acompanhado algumas empresas adotando políticas de cuidados com a saúde do colaborador, oferecendo inclusive, programas de combate á obesidade. Você acha isso positivo? Por quê?
Luciana Vieira: As organizações vêm cada vez mais expandindo a sua visão, assim como a atuação estratégica. É bem vindo ao mundo corporativo toda e qualquer atividade realizada pelas empresas em prol da saúde e bem estar do funcionário. Tendo em vista que um trabalhador saudável e com uma boa autoestima trabalha melhor, muitas empresas vem investindo pesado em programas de qualidade de vida e saúde, dentre eles as ações que visam prevenir a obesidade e ajudar os obesos no emagrecimento. Alguns dos programas oferecidos é a parceria com os vigilantes do peso, onde as empresas permitem que as reuniões de orientação e acompanhamento sejam feitos em suas dependências e dentro do horário de trabalho. Esse tipo de postura adotada pelas empresas além de garantir uma melhora na saúde e produtividade dos colaboradores, faz com que a mesma ganhe vantagem competitiva frente as demais.
Blog Gestão 3.0: Como a área de Recursos Humanos pode ajudar as empresas a ser mais competitivas?
Luciana Vieira: O que torna as empresas diferentes das demais é o capital humano, para tanto, o RH tem fundamental importância neste cenário, ajudando a atrair, reter e motivar os profissionais. Um dos caminhos para isso é estar mais e mais ao lado da liderança para dar suporte às decisões que se fazem necessárias, uma vez que, diante de um cenário de incertezas, os líderes tendem a sentirem-se isolados e sozinhos. Antes visto somente como centro de despesas, mais do que nunca o gerenciamento de custos deve fazer parte do dia-a-dia de RH. É de suma importância criar canais que permitam que todos os funcionários deem idéias para melhorar produtos, serviços e o próprio dia-a-dia da organização. As empresas que quiserem se manter competitivas, precisarão ser flexíveis, responder rapidamente às mudanças de mercado e contar com o comprometimento dos trabalhadores, e para isto, um RH estratégico tem que estar em ação: tornando-se um centro de oportunidades, ações e resultados, parceiro na execução da estratégia, agente de mudanças e defensor dos funcionários.
Blog Gestão 3.0: A gestão de pessoas é de responsabilidade do gestor/líder ou da área de Recursos Humanos?
Luciana Vieira: É muito comum ouvirmos coisas do Tipo: “Passe lá no RH”, “isso é com o RH”. Promover ou comunicar um aumento de salário é com o gestor mesmo. Resolver conflitos, comunicar uma demissão, selecionar pessoas, identificar necessidades de treinamento é “lá com o RH”. O RH é parceiro estratégico do Gestor, estabelecendo as políticas e os procedimentos a serem observados pelos gestores e assegura que sejam seguidos, atua como seu conselheiro e garante que as pessoas sejam tratadas com dignidade. Porém, não é de responsabilidade do RH a gestão do time, é sim de cada líder de área. Tarefas como comunicar o desligamento, aumentos, promoções e administrar conflitos da equipe faz parte das atribuições de um líder/gestor. O papel do RH é criar e manter um clima motivador, ajudar e ensinar os gestores a tratar gente como gente. Desta forma, conseguiremos resultados duradouros com gente motivada e engajada, comprometida com o que tem que fazer e não com o RH.
Blog Gestão 3.0: Infelizmente muitas empresas não capacitam seus colaboradores de acordo com as necessidades do mercado e dos clientes. Como você enxerga esta resistência aos treinamentos rotineiros de aperfeiçoamento?
Luciana Vieira: As empresas que entendem treinamento e desenvolvimento como custo, estão fadadas a em um curto espaço de tempo perderem capacidade de inovação e competitividade, e até mesmo a sobrevivência no mercado. Os treinamentos são de suma importância para a adaptação de novos colaboradores, reciclagem dos colaboradores antigos e ganho de novas habilidades e capacidades para invocação. Porém muitos não entendem que uma simples instrução de trabalho já é um treinamento, treinamentos não são somente os dados em sala de aula, com material super estruturado.Os treinamentos tem que ser rotineiros, pois com o passar do tempo, as pessoas adquirem vícios nas atividades, muitas vezes motivadas pela pressão do dia a dia, daí a importância de instruções de trabalho. Os treinamentos mais específicos, lógico que devem ser executados de forma mais estruturada em sala de aula, com intuito de ganhar novos conhecimentos específicos para realização de determinadas atividades, ou instalar um conhecimento dentro da organização. Empresas que investem em capacitação de seus profissionais ganham mais agilidade nas entregas e se tornam mais competitivos no mercado. “Treinar com consciência é tarefa de muito valor e ótimos resultados”.
Blog Gestão 3.0: Podemos considerar a área de Recursos Humanos como estratégica? Por que?
Luciana Vieira: A área de R.H é e deve ser estratégica, o que acontece é que em algumas empresas esta área ainda esta em momento de transição, deixando de ser um suporte meramente operacional e passando a ser parte fundamental de apoio da execução da estratégia.
Blog Gestão 3.0: Como você analisa hoje o nível cultural dos candidatos?
Luciana Vieira: É muito relativo, o acesso a cultura ainda esta fortemente ligado a classe social, ou seja, quando entrevistamos candidatos de classes sociais A e B o nível cultural é maior, pois tiveram mais facilidades de acessos a teatros, cinemas, livros, viagens. Já as classes emergentes, vêm ganhando espaço neste cenário e se tornando mais competitivos, apesar de recursos escassos, os profissionais estão buscando qualificação e acesso a cultura como uma forma de melhorar o posicionamento e desenvolvimento profissional.
Blog Gestão 3.0: Você acha saudável a terceirização das áreas de Departamento Pessoal e Recursos Humanos pelas empresas? Por que?
Luciana Vieira: A terceirização de áreas como Departamento Pessoal e R.H tem que estar muito mais relacionado com a estratégia da empresa , tamanho e dispersão geográfica do que meramente com custos. Quando a terceirização se dá visando apenas a redução de custo, tende a ser fadado ao fracasso, já que a área de DP é de mera importância para as demais estratégias de RH. O conceito de terceirização tem o intuito de ser um divisor de águas entre um profissional dedicar-se ao operacional de RH ou dedicar-se a estratégia de RH. O modelo de terceirização quando bem feito, possibilita especialização do serviço, maior produtividade, comprometimento com resultados e qualidade, permite maior agilidade das decisões já que tira a demanda operacional da área. Mas como tudo tem seu contraponto, temos sempre que levar em consideração os contras nestas ações, pois apesar de economizar tempo com a parte burocrática e tramitações trabalhistas, temos que conferir e fiscalizar o que esta sendo feito pela outra empresa, para evitar surpresas desagradáveis como: ações trabalhistas por pagamentos indevidos, ações do INSS e FGTS por falta de pagamento ou de entrega de declarações. O mais importante para uma decisão como esta é entender o momento da empresa e a real necessidade desta transição de atividades.
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